Archlinux é uma das melhores e mais rápidas distribuições linux. É um sistema totalmente customizável. Sua instalação é feita praticamente do zero, pois o usuário precisa montar o sistema por completo, desde a formatação das partições até a instalação do ambiente gráfico.
Apesar de parecer complicada sua instalação, posso garantir que Archlinux é na verdade uma distribuição linux muito fácil de se instalar. Depois que você faz a primeira instalação tudo fica mais fácil, e percebe-se que sua instalação é até mesmo mais fácil do que a instalação de outras distros que possuem instalador gráfico.
Nesse artigo vou considerar que você já é um usuário linux e já sabe como utilizar o terminal e algumas ferramentas linux. Vou listar aqui apenas os comandos necessários para a instalação do sistema, sem entrar muito em detalhes. Este guia não é um guia para iniciantes no mundo linux, entretanto se você for iniciante e se esforçar para aprender, você irá conseguir instalar o Archlinux com ajuda desse tutorial.
O passo a passo descrito nesse tutorial se resume a:
- Baixar o Archlinux
- Criar pendrive bootável
- Criar as partições e formatá-las
- Descarregar o sistema base usando pacstrap
- Instalar e configurar o bootloader (GRUB)
- Fazer as configurações do sistema (partições, data e hora, idioma, teclado…)
- Definir a senha do super usuário (root) e criar um novo usuário
- Instalar um ambiente desktop (xfce, gnome, kde, mate…)
- Instalar software essenciais
Baixando a ISO
O Archlinux é diferente de outras distros em muitos aspectos, inclusive no download do sistema. O download que você fará é de um sistema mínimo bootável que será utilizado para instalar o Archlinux em seu computador. Não há necessidade de escolher versões, pois o Archlinux é uma distro apenas rolling release, o que significa que você sempre baixa ou instala a última versão do sistema.
Você pode fazer o download do sitema no site oficial do Archlinux. O download está disponível através de torrent ou links diretos. Acesse o site https://archlinux.org/download/ para fazer o download da ISO. Na parte inferior do site você encontra os mirrors para download direto pelo navegador.
Criando pendrive bootável
Depois de baixar a ISO é hora de criar o pendrive bootável para instalação do sistema. Isso é muito fácil. Vamos apenas escrever a ISO diretamente no pedrive usando a ferramenta dd. Se você está usando o windows, então você pode baixar a ferramenta rufus para fazer a instalação da ISO no pendrive.
Você deve usar o comando sudo ou entrar como root para conseguir escrever a ISO no pendrive.
# cd /home/user/Downloads
# dd if=nome-do-arquivo.iso of=/dev/dispositivo status=progressSubstitua “nome-do-arquivo.iso” pelo nome do arquivo que você baixou no site do Archlinux. E substitua “/dev/dispositivo” pelo caminho ligado ao seu pendrive.
Antes de escrever o arquivo no pendrive lembre-se de verificar qual é o caminho do seu pendrive:
# fdisk -lSe você só tem um HD no computador, geralmente ao inserir um pendrive ele será listado como /dev/sdb. Caso tenha mais de um pendrive conectado ao computador o dispositivo pode ser listado como /dev/sdc. Use o comando fdisk para verificar o caminho correto do seu dispositivo.
Iniciando o sistema
Agora é hora de colocar o pendrive no computador onde vai instalar o Archlinux, acessar a BIOS usando as teclas F2 ou delete, e colocar o pendrive na primeira posição de boot.
Ao iniciar o Archlinux será aberto um terminal para executarmos os comandos de instalação e configuração do sistema.
Configurando o teclado
Vamos configurar o teclado do sistema para o português brasileiro. Assim evitamos problemas com a digitação de teclas incorretas.
# loadkeys br-abnt2Conexão com a internet cabeada
A instalação do Archlinux é totalmente online, ou seja, você vai precisar de uma conexão com a internet para conseguir fazer o download dos pacotes para a instalação do sistema.
Se você utiliza a conexão por cabo então você só precisa rodar o comando dhclient para obter as configurações de IP.
Verifique o nome da sua placa de rede:
# ip aObtenha as configurações de DNS e IP:
# dhclient placa-de-redeConexão com a internet por wi-fi
Se você utiliza a conexão por wi-fi então você tem duas opções de configuração. A primeira opção é usando o comando wifi-menu, e a outra opção é fazendo a configuração manual usando a ferramenta wpa_supplicant.
Verifique o nome da sua placa de rede:
# ip a
# iwconfigConfigurando a rede wifi com wpa_supplicant:
# wpa_passphrase nome-da-rede senha-da-rede > wifi.conf
# wpa_supplicant -B -i nome-da-placa -c wifi.confBasta substituir “nome-da-placa” por sua placa de rede; “nome-da-rede” pelo nome da sua rede wi-fi; e “senha-da-rede” pela senha do seu wi-fi.
Verificando a conexão com a internet
# ping archlinux.orgSe a conexão estiver ok então é hora de começar a instalação do sistema. Caso tenha problemas com a conexão cabeada ou wi-fi, tente usar seu smartphone como placa de rede, conectando via USB e habilitando a função tethering.
Usando a internet do smartphone:
# dhclient usb0Criando as partições do sistema
Caso você já tenha o HD particionado e não queira mudar as partições, você pode pular esse passo. Mas se for necessário criar as partições então faça isso com o comando cfdisk. É uma ferramenta fácil de utilizar. Você só precisa selecionar a partição e escolher uma das opções do menu que fica na parte inferior da tela. Use as setas do teclado para movimentar entre as opções. Para mais informações sobre a ferramenta use o comando “man cfdisk“.
Como você iniciou a ISO do Archlinux pelo pendrive, então há dois dispositivos de disco conectados no seu computador. Para verificar qual é o caminho do seu HD use o comando abaixo.
# fdisk -lPara criar as partições no seu HD:
# cfdisk /dev/sdXSubstitua o X pela letra referente ao seu HD. Cuidado para não selecionar o pendrive, senão você vai perder o sistema bootável que você criou para a instalação.
Formatando as partições
Formatar é muito simples! Só precisamos usar a ferramenta mkfs e indicar a partição desejada.
Formatando a partição swap:
# mkswap /dev/sdaX
# swapon /dev/sdaXFormatando a partição do sistema (/) e do usuário (home):
# mkfs.ext4 /dev/sdaX
# mkfs.ext4 /dev/sdaXLembre-se de substituir a letra X pelo número corresponde as suas partições.
Eu recomendo criar uma partição home para seus arquivos, pois assim você evita ter de fazer backups quando precisar formatar o sistema. Com uma partição home separada, caso precise formatar, você só formata a partição do sistema, mantendo os arquivos intactos.
Montando as partições
Se você é um usuário linux então você já deve saber como montar as partições. Não há muito segredo nisso. Vamos usar o comando mount e informar o destino da montagem.
# mount /dev/sdaX /mnt
# mkdir /mnt/home
# mount /dev/sdaX /mnt/homeInstalando o sistema básico
Antes de instalar o sistema precisamos atualizar um pacote essensial para a verificação de autenticidade dos pacotes. Sem essa atualização a instalação dos pacotes podem falhar.
# pacman -Sy
# pacman -S archlinux-keyringInstalando o bootloader (grub), o kernel e a base do sistema:
# pacstrap /mnt base linux grubAqui informamos o ponto de montagem da partição do sistema que fizemos anteriormente, e também informamos alguns pacotes para serem instalados.
Agora é só aguardar a instalação do sistema base. Caso o download esteja muito lento você pode mudar o mirror do pacman editando o arquivo “/etc/pacman.d/mirrorlist“.
Configurando o fstab
Nesse arquivo contém as informações para montagem automática das partições durante o boot do sistema. Vamos fazer a configuração automática de acordo com o que montamos anteriormente usando o comando “mount“.
# genfstab -U /mnt >> /mnt/etc/fstabAcessando o novo sistema
Agora é hora de entrar no sistema base do Archlinux que acabamos de instalar. Antes estavamos no sistema bootável do pendrive. Agora vamos entrar no sistema que já está instalado no HD. A partir desse momento já podemos fazer todas as configurações necessárias no novo sistema.
# arch-chroot /mntConfigurando o novo sistema
Por enquanto o nosso sitema é nada mais que arquivos salvos no HD. Para torná-lo inicializável, isto é, dar boot ao ligar o computador, vamos então fazer algumas configurações.
Instalando o grub:
# grub-install /dev/sdXCriando o arquivo de configurações do grub:
# grub-mkconfig -o /boot/grub/grub.cfgConfigurando a hora do sistema:
# ln -sf /usr/share/zoneinfo/America/Sao_Paulo /etc/localtime
# hwclock --systohcSe você mora num local com fuso horário diferente de Sao Paulo então basta substituir Sao_Paulo pelo valor correspondente a sua cidade ou estado.
Definindo o nome da máquina:
# echo archlinux > /etc/hostnameConfigurando o nome de domínio loopback:
# echo "127.0.0.1 localhost" > /etc/hosts
# echo "::1 localhost" >> /etc/hostsAlterando o idioma do sistema:
# echo "pt_BR.UTF-8 UTF-8" >> /etc/locale.gen
# echo "LANG=pt_BR.UTF-8" > /etc/locale.conf
# locale-genMudando padrão do teclado do console:
echo "KEYMAP=br-abnt2" > /etc/vconsole.confDefinindo a senha do root:
# passwd rootInstalando algumas ferramentas para edição de arquivos e conexão de rede:
# pacman -Sy
# pacman -S wireless_tools net-tools dhclient wpa_supplicant nanoInstalando drivers para diversos dispositivos:
# pacman -S linux-firmwareAté esse ponto temos um sistema básico bootável com ferramentas para conexão de rede e configuração do sistema. Não há mais necessidade de usarmos o pendrive bootável. A partir daqui vamos usar o sistema instalado no HD para darmos continuação as configurações.
Encerrando o sistema:
# exit
# umount /mnt/home
# umount /mnt
# swapoff -aReiniciando a máquina:
# rebootApós reiniciar a máquina retire o pendrive do computador para iniciar o novo sistema. Vamos continuar as configurações pelo sistema que já está instalado no HD.
Agora que o sistema já reiniciou, faça as configurações de rede necessárias, assim como fizemos no início desse artigo. Se o teclado estiver com letras diferentes, faça também a configuração dele.
Já temos um sistema básico funcional. Se você pretende usar a máquina como servidor, então você não precisa seguir com os passos adiante, mas se você quer um ambiente desktop, então faça as instalações a seguir para ter um ambiente desktop completo.
Instalando o servidor gráfico:
# pacman -S xorg xorg-xinit xorg-server-common
Drivers do teclado, mouse e touchpad:
# pacman -S xf86-input-libinput xf86-input-evdev xf86-input-synapticsDrivers de vídeo para placas gráficas da intel:
# pacman -S xf86-video-intel libva-intel-driverDrivers de vídeo para gpu da nvidia:
# pacman -S xf86-video-nouveau nvidia-utilsAdicionando suporte para Opengl:
# pacman -S mesa mesa-demos mesa-utils libva-mesa-driverConfigurando o teclado para o ambiente gráfico:
# echo 'Section "InputClass"
Identifier "system-keyboard"
MatchIsKeyboard "on"
Option "XkbLayout" "br"
Option "XkbModel" "abnt2"
Option "XkbVariant" "abnt2"
Option "XkbOptions" "grp:win_space_toggle"
EndSection' > /etc/X11/xorg.conf.d/00-keyboard.confEstamos usando br e abnt2 para mudar o teclado para o português brasileiro. Se você utiliza outro idioma e tipo de teclado então mude essas informações.
Adicionando um novo usuário:
# useradd -m -U -G video,audio,storage,wheel,lp,power,network nome-de-usuarioSubstitua “nome-de-usuario” pelo nome de login do seu usuário. É com esse usuário que você fará login no sistema. O usuário root deve ser usado apenas para administração do sistema e não para uso comum.
Definindo a senha do novo usuário:
# passwd nome-de-usuarioInstalando um gerenciador de redes:
# pacman -S networkmanager network-manager-applet
# systemctl enable NetworkManagerInstalando um gerenciador de login:
# pacman -S lightdm light-locker lightdm-gtk-greeter lightdm-gtk-greeter-settings
# systemctl enable lightdmInstalando o servidor de som para reprodução de áudio:
# pacman -S alsa alsa-utils alsa-firmware alsa-lib pipewire-pulse pipewire-alsa pipewire-jack pavucontrolAgora só precisamos de um ambiente desktop para completar a instalação do nosso sistema. Há várias opções disponíveis, como xfce, mate, plasma kde, gnome, budgie, cinnamon e etc. Recomendo a instalação do XFCE por ser o ambiente mais leve entre eles. Escolha uma das opções abaixo e faça a instalação.
Instalando o ambiente desktop XFCE:
# pacman -S xfce4Instalação do gnome:
# pacman -S gnomeInstalação do plasma KDE:
# pacman -S plasmaAbaixo estarei listando alguns softwares e ferramentas essenciais para uso em um desktop. Você não precisa instalar todos os pacotes listados. Você deve instalar de acordo com suas necessidades.
Ferramentas para compactação de arquivos:
# pacman -S zip unzip unrar p7zip xarchiverSuporte para montagem automática de volumes (discos, pendrivers e smartphones):
# pacman -S gvfs gvfs-mtp fuse2 fuse3 fuse-common libmtpFerramentas para formatação de pendrives e hd’s:
# pacman -S dosfstools ntfs-3g exfat-utils gpartedSuporte para multimídia:
# pacman -S gst-plugins-base gst-plugins-good ffmpeg x264 lameNavegadores web:
# pacman -S firefox chromiumReprodutores de vídeo:
# pacman -S mpv vlcReprodutores de música:
# pacman -S audacious rhythmboxEditores de imagens:
# pacman -S inkscape gimp kritaEditores de textos:
# pacman -S mousepad geanyVisualizador de imagens e documentos:
# pacman -S evince gpicviewPacote office completo:
# pacman -S libreoffice-still-pt-brFerramentas para download de torrents:
# pacman -S qbittorrent transmission-gtkGerenciador de arquivos:
# pacman -S pcmanfm thunar thunar-volman thunar-archive-pluginFerramentas para screenshot e gravação de tela:
# pacman -S gnome-screenshot vokoscreen Calculadora:
# pacman -S galculatorFerramenta para estúdio, lives e streaming em geral:
# pacman -S obs-studioFerramentas para baixar e assistir vídeos do youtube:
# pacman -S streamlink minitubeFerramenta para acesso FTP:
# pacman -S filezillaEmuladores de jogos retro:
# pacman -S fceux stella snes9x snes9x-gtk retroarchEditores de vídeos:
# pacman -S kdenlive openshotEditor de áudio:
# pacman -S audacitySe você seguiu esse tutorial executando corretamente o passo a passo então você conseguiu fazer a instalação do Archlinux com um ambiente desktop completo.
Depois de instalar o sistema básico funcional em modo texto, o que resta é fazer as configurações do sistema, instalar um ambiente desktop e os softwares essensiais que não podem faltar num desktop.
